Traqueostomia infantil: Defensoria Pública, SECRIA e SESAU lançam “Projeto Respirar” para garantir cirurgias e tratamentos a crianças*

 

Política pública, pioneira no país, inicia cirurgias e tratamentos no dia 15 de janeiro

 

 

A Defensoria Pública do Estado de Alagoas (DPE/AL) recebeu, nesta sexta-feira, 15, a visita da secretária extraordinária da Primeira Infância (Secria), Paula Dantas, para o lançamento do “Projeto Respirar”, iniciativa conjunta e pioneira que pretende assegurar o acesso rápido e gratuito às cirurgias, exames e tratamentos de saúde para crianças traqueostomizadas, com foco especial na primeira infância.

 

Após identificar a necessidade de crianças e famílias sem condições de custear tais procedimentos cirúrgicos e seu tratamento, a Defensoria Pública, por meio do defensor público Fabrício Leão Souto, ao longo dos últimos 2 anos iniciou uma série de esforços, reuniões e audiências públicas, a fim de garantir o direito a saúde dessas crianças, reunindo profissionais da saúde pública, médicos e gestores para traçar soluções concretas.

 

'É importante destacar que a Defensoria Pública de uma forma indutora, por meio de um esforço conjunto, reuniu todos os agentes e órgãos públicos, com destaque para a SECRIA e SESAU, e o médico Wander Mattos, responsável por viabilizar o desenho do projeto. Agora, com essa conquista, podemos atender essa população de maneira ágil, sem a necessidade de judicializar, resultando em uma considerável economia de recursos. Isso propiciará que mais pessoas, especialmente as crianças, tenham suas vidas restituídas, marcando uma transformação significativa no antes e depois de uma cirurgia de traqueostomia”, destacou Fabrício Souto. 

 

Conforme a secretária de Estado da primeira infância, Paula Dantas, as ações do projeto terão início no próximo dia 15 de janeiro. “Esse projeto não é feito apenas de cirurgias, mas também do acompanhamento desses pacientes. Nós queremos que esses pacientes voltem a deglutir, voltem a comer, sejam acompanhados. O projeto também prevê o treinamento dos pais, para que os pais saibam o que fazer em caso de emergência. Queremos dizer que isso demonstra muita maturidade, planejamento e gestão, muito diálogo entre a Defensoria Pública, a Secretaria SECRIA, a Secretaria de Saúde, porque a gente vai diminuir os custos, a gente vai diminuir as judicializações, a gente vai conseguir fazer mais com menos”, explicou. 

 

Para o Defensor, o momento representa satisfação e senso de dever cumprido para as famílias e, principalmente, para as crianças. “É um ponto de partida. Estamos cumprindo nosso dever de buscar entregar direitos à população conforme suas reais necessidades. Temos agora uma data definida para implementar uma política pública, toda ela estruturada extrajudicialmente. Foi um trabalho genuinamente coletivo, articulado pela Defensoria Pública, projetado pelo médico Wander Mattos e aprimorada e operacionalizada pelos técnicos da SESAU, além de todo o envolvimento institucional da SECRIA. Agora vamos para a fase de funcionamento e acompanhamento permanente e evolução dos resultados”, destacou Fabrício Souto.

 

O lançamento contou com a participação do Defensor Público-Geral do Estado, Carlos Eduardo de Paula Monteiro, do Subdefensor Público-Geral, Fabrício Leão Souto, do Corregedor-Geral da Defensoria Pública, Djalma Mascarenhas Alves Neto, da Secretária de Estado Extraordinária da Primeira Infância, Paula Dantas, do cirurgião torácico Wander Mattos Cardoso, que atuou no desenvolvimento do projeto, além de técnicos e representantes da saúde do Estado em Alagoas.

 

Traquestomia

 

De acordo com o médico torácico Wander Mattos Cardoso, responsável pela elaboração técnica do projeto, com o 'Respirar', será possível criar um banco de dados sólido que permitirá, principalmente, a adoção de medidas preventivas. 

 

Wander explica que uma criança não voltará a respirar adequadamente se nada for feito para ela retornar à sua normalidade. “Hoje, não é possível inseri-la normalmente na sociedade. Muitas vezes, ela não consegue acesso aos estudos, não consegue falar, não respira pelo nariz e perde o olfato. Este projeto visa combater isso: primeiro, com a prevenção. Contaremos com uma unidade móvel disposta a ir aos hospitais que possuam UTI pediátrica e neonatal, de forma que haja intervenção de maneira preventiva. Assim, poderemos evitar até 70% das traqueostomias pediátricas nas UTIs. Para os pacientes que não conseguiremos evitar as traqueostomias, não ficarão mais abandonados. Agora, farão parte de um ambulatório especializado, que conseguiremos trabalhar não apenas na reabilitação para que a criança volte a se alimentar via oral, mas também na preparação para uma futura cirurgia corretiva. E o terceiro cenário é o cirúrgico geral, um centro cirúrgico montado com material de ponta, onde podemos corrigir e reconstruir a parte respiratória da criança. Outro cenário importante é o treinamento de pais e cuidadores, que precisam estar prontos para intercorrências', resumiu o médico.