Moradores dos Flexais relatam à Defensoria Pública preocupação com cadastro para distribuição de cestas básicas 

 

Moradores temem que dados sejam usados de forma inadequada pela Braskem para validar indesejado “Plano de Revitalização”

 

Uma comissão de moradores dos flexais de Cima e de Baixo compareceram, nessa quinta-feira, 10, ao Núcleo de Proteção Coletiva da Defensoria Pública do Estado, na Gruta de Lourdes, com a finalidade de denunciar as pressões que vêm sofrendo para aceitar o “Plano de Revitalização” do local, proposto pela Braskem e Município de Maceió junto aos MPs e DPU. 

 

Na ocasião, o grupo informou ao Defensor Público Ricardo Antunes Melro que diversos moradores assinaram uma folha em branco, que seria uma lista para receber cestas básicas e, agora, temem que esses dados sejam utilizados de forma inadequada pela empresa. 

 

Na ocasião, os cidadãos reafirmaram ao Defensor Público que estão insatisfeitos com o valor proposto para as indenizações sob a alegação de que não cobre os prejuízos materiais, sociais e psicológicos que eles têm sofrido, além da injustiça de excluir aqueles que têm pequenas casas locadas, que nada mais vale, e não foram contemplados. Também relataram a insatisfação de que danos morais deveriam ser para as pessoas individualizadas e não para imóveis.  

 

“Não achamos justo o que eles têm feito com a gente. Nós vamos ficar no prejuízo, pois até agora não temos nada, estamos completamente isolados: sem escola, sem farmácia, sem mercadinho, até os pescadores não tem mais do que viver, porque não tem mais peixe. Está todo mundo pela misericórdia de Deus! Nós não queremos mais ficar! Disseram que assinamos uma lista aceitando ficar, isso é mentira, nós assinamos apenas uma lista para receber uma feira. Não assinamos mais nada”, frisou Maria José da Silva, moradora do Flexal de Baixo. 

 

Marquês de Abrantes

 

Ainda durante a manhã de hoje, residentes na Rua Marquês de Abrantes buscaram a Instituição, também relatando a sensação de abandono e indignação com o fato de não ter seus desejos ouvidos e respeitados pelo Poder Público. 

 

“Precisamos ser realocados, ter uma nova moradia, para podermos viver em paz. A Braskem tem tirado esse direito nosso. A empresa diz que nossa rua não está na área de risco, mas nós estamos sofrendo e queremos a realocação”, destacou a moradora Rosibete Maria Ribeiro dos Santos.

 

Os moradores relembraram que a mineradora Braskem realizou uma pesquisa com 264 pessoas da região, em que foi questionada à vizinhança sobre a decisão de permanecer ou a realocação. Mais de 204 moradores optaram pela realocação.